Com a conferência “De quem é o patrimônio cultural?”, o professor Yussef Campos (UFG), abriu a segunda edição do Congresso da UFOB, no dia 30 de novembro. O objetivo do evento foi reunir a comunidade acadêmica e externa para dialogar sobre temas que atravessam o dia a dia e o futuro da universidade pública.
A situação do país, o agravamento das desigualdades sociais, o ataque às instituições de ensino, o negacionismo e o ataque à democracia deram a tônica da abertura do congresso, mediada pelo professor Thiago Ribeiro Rafagnin. Antes da palestra do convidado, o professor Antônio Oliveira de Souza, vice-reitor e pró-reitor de Ações Afirmativas e Assuntos Estudantis da UFOB chamou atenção para a necessidade de se fortalecer e implementar políticas públicas que ajudem a manter os estudantes na universidade, sobretudo porque o Oeste da Bahia é uma região com estudantes em grave situação de vulnerabilidade socioeconômica.
Em seguida, falou o professor Jacques Miranda, reitor da UFOB. Ele alertou para o flerte com a barbárie nos últimos anos no Brasil e lembrou da brutalidade do regime militar da década de 1960 contra o movimento estudantil. Em defesa de universidade pública mais democrática, falou da necessidade do saber acadêmico dialogar mais com o saber popular, que é um saber requintado e merece mais atenção.
Doutor em história e mestre em estudos culturais, memória e patrimônio, o professor Yussef Campos iniciou sua fala destacando o Decreto-Lei nº 25, de 1937, que constituiu o patrimônio histórico e artístico nacional, para pontuar a crise democrática vivida pelo país.
“A ascensão da extrema direita, evento não exclusivo do nosso país, tem mitigado e perseguido essas instituições, entre elas a universidade, com seu desmonte, seu aparelhamento ideológico e religioso e até a sua extinção. Como se deu com o Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tem sido alvo de reiterados ataques”, disse.
Yussef falou ainda de outros ataques a lugares de memória e ao patrimônio brasileiro, como as mudanças de topônimos para homenagear detratores dos Direitos Humanos ou para prestar loas a torturadores da Ditadura entre 1964 e 1985. Ele falou ainda sobre a situação sobre o meio-ambiente, patrimônio e imaterial das comunidades tradicionais e quilombolas, do avanço do capital sobre espaços. A conferência de Yussef durou pouco mais de uma hora, e ele encerrou refletindo sobre a necropolítica, os epistemicídios e os genocídios sobre os povos indígenas.
Transmissão online
Assim como na 1ª edição, o 2º Congresso UFOB foi online e aconteceu entre 30 de novembro e 2 de dezembro. Além da conferência inicial, o evento contou nos dias seguintes com palestras sobre financeirização, land grabbing e acumulação de capital na agricultura brasileira (Bruna de Castro Dias Bicalho, ENCE/IBGE); insegurança alimentar e necropolítica (Gabrielle Jacobi Kölling, CERS/UDF); Andifes na relação com as universidades e perspectivas para 2023 (Gustavo Balduino, ANDIFES); saúde mental de estudantes universitários e suas relações com dimensões acadêmicas (Rebeca Neri de Barros, UFBA); o trabalho multiprofissional na assistência estudantil (Iara Mantoanelli, do IF CATARINENSE, e Josiela Silveira Cavalheiro, IFSUL); teletrabalho, reestruturação educacional e neoliberalismo (Lawrence Estivalet de Mello, UFBA); e crise do capital e novas-velhas direitas: conjuntura política e perspectivas na realidade brasileira (Rodrigo Medina Zagni, UNIFESP).
Todas as palestras estão disponíveis no canal Eventos UFOB, do Youtube.
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