O INTERESSE DO POLONÊS PELAS FORMAS DA NATUREZA E A DEFESA DO MEIO AMBIENTE ACABARAM INSPIRANDO O ARTISTA BAIANO.
Natural de Lajedão-BA mas radicado em Nova Viçosa, no extremo sul da Bahia, o artista plástico Denarte de Jesus, 68 anos, não esconde as influências do polonês Frans Krajcberg, multiartista que se mudou para o Brasil em 1948. A relação de amizade entre eles atravessou mais de quatro décadas, até ser interrompida em 2017, com a morte de Krajcberg, aos 96 anos.
Denarte conheceu Krajcberg aos 18 anos, quando ainda trabalhava na extinta Sucam. Depois que entrou para a Polícia Militar da Bahia os laços com Krajcberg se estreitaram ainda mais. Além de artista, o polonês também era oficial de guerra, pois tinha lutado ao lado dos aliados na Segunda Guerra Mundial.
Sempre interessado em questões ambientais, Denarte ficou impressionado com as obras do amigo naturalizado brasileiro, com quem aprendeu muito sobre preservação do meio ambiente e técnicas artísticas. Em sua trajetória, Krajcberg usou a arte para denunciar as agressões contra a natureza e exprimir “a consciência revoltada do planeta”.
Inspirado pelo amigo, Denarte começou a produzir esculturas de raízes e troncos queimados e retirados dos leitos dos rios, folhas e ossos encontrados nas matas. Ele também usa a técnica da pirografia para fazer desenhos com fogo e dar diferentes tons às suas criações.
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As obras de Denarte têm um tom mais contemplativo, mais esmerado na beleza, na composição e na polidez de suas esculturas, uma ode para as coisas que antes não tinham valor, mas agora expressam beleza, organização e equilíbrio.
Denarte já realizou várias exposições e se sente realizado com sua trajetória artística. Suas obras estão espalhadas por vários estados do Brasil e em outros países. Ele garante que enquanto tiver vida, não vai parar de produzir. É uma forma de dar continuidade às reflexões do amigo polonês em relação à natureza.
Uillian Trindade Oliveira, professor do Centro Multidisciplinar de Santa Maria da Vitória (UFOB).
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